Última perna antes do nosso porto...

O azul e o céu e o mar...
Troca de óleo... ossos do ofício!
Difícil não é estar lá...
...difícil foi fazer ele chegar lá!!! 20 metros de altura!!!
Por um fio...
Tudo em ordem, podemos partir.
E Armação de Búzios vai ficando para trás...
No comando.
Muitos navios de cruzeiro.
Na medida para dois.
Almoço garantido!
Navegação tranquila.
O farol de Cabo Frio.
E depois da tempestade... a bela Ilha Bela...
...com sua cachoeiras...
...casas, canhão e barcos.
Um douradão...
...o maior de toda a viagem.
Prato feito.
Alcatrazes.
Dia cinza.
Nossos fiéis companheiros... compartilhando a alegria.
Último entardecer...
DTW: 100 milhas náuticas.
Bom dia cinco de janeiro!!!
Lá do alto... agora bem perto!!!
E as velas são baixadas... quase seis mil milhas náuticas... é hora de descansar!!!

02 de janeiro de 2013
Latitude 22°29'59"S e Longitude 041°54'18"W
08:15h

Ansiedade enorme apertando o peito mas a felicidade também é imensa. Pouco mais de 400 milhas náuticas nos separam de casa. Só isso! Marcamos dia e hora para chegar: domingo, seis de janeiro, entre nove horas da manhã e meio dia.

Hora de dizer "adeus" a este paraíso. Chegou então a hora de levantar âncora e partir... não sem antes trocar o óleo dos motores e consertar a adriça da vela grande que estava por um fio. Ainda pudemos aproveitar o mesmo cabo, pois o problema estava bem no topo do mastro. Bastou cortar um pequeno pedaço e refazer o nó. Tudo em ordem... vamos navegar!

8:15h - ligamos os motores e recolhemos a âncora, saímos da baía e rumamos para a nossa armação. Rota direta. Vento bom, mar bom e, menos de uma hora depois, o molinete nos avisa que tem peixe na linha. Um atum na medida certa para dois. Almoço garantido. Continuamos navegando tranquilamente e logo passamos o Cabo Frio. Uma estranha névoa tomava conta do ar, deixando tudo como se estivéssemos iluminados por uma imensa lâmpada de tungstênio. Pré-anúncio do que estava chegando... o mar aos poucos foi engrossando e o vento mudando de direção. Por volta das dez horas da noite, quando estávamos de través com o Rio de Janeiro, o caos já tomava conta da situação: muitas ondas, tudo bem que não eram tão grandes, mas que vinham de todas as direções e vento quase na cara, começaram a nos judiar muito e seguiram assim por muito tempo. Navegamos a noite toda nessa situação. Ao amanhecer, decidimos alterar nossa rota e rumar para Ilha Bela, afinal não tínhamos certeza do que encontraríamos pela frente. A previsão do tempo não nos mostrava nada disso. O dia continuou exatamente igual. Pancadaria. No final da tarde, depois de já termos cruzado a linha imaginária do Trópico de Capricórnio, na altura da latitude 23°26'16"S e ter portanto, saído da zona tropical do planeta, as coisas começaram a se acalmar, pois tínhamos o embate da Ilha Bela nos protegendo do vento. Entramos no Canal de São Sebastião e, exatamente as 19:00h nos amarramos a boia do Iate Clube de Ilha Bela. Sãos e salvos. Nós e o Cascalho. Mas, muito cansados. Nós muito mais do que o Cascalho. Ficamos aqui somente o tempo necessário para que o mau tempo saísse da nossa frente... apenas doze horas. Nem saímos do barco, queríamos apenas descansar.

O dia seguinte amanheceu chuvoso. Mas as condições de navegação deveriam ser melhores. Nos preparamos e partimos com a previsão de ter que motorar muito. Surpresa ao deixar o canal: ventos de 15 a 20 nós vindos de alheta e as queridas ondas do Atlântico. Motores desligados, velas ao vento e o Cascalho surfando maravilhosamente bem cada uma delas. Linha n-água e, mais uma surpresa: o maior peixe de toda a viagem. Um dourado de mais de 20 quilos e quase do tamanho do capitão. Levou 300 metros de linha e tomou quase uma hora de trabalho exaustivo para embarcá-lo. Logo virou almoço. E todo o resto iria para a casa da Nina - mãe do capitão. Vai ter peixada em família.

Deixamos a Ilha de Alcatrazes para trás. A navegação agora sim, segue tranquila e, apesar do tempo cinza,o tempo parece estar melhorando lá no Sul. A vontade de chegar logo ao último waypoint destes 60 dias de viagem é tão grande que decidimos usar os motores. Aceleramos... Nosso último fim de tarde no mar foi marcado pela presença de muitos golfinhos e um entardecer que nos mostrava que o dia seguinte seria azul. A noite foi escura, iluminada apenas pela tímida luz da lua minguante que prateava o nosso caminho. Golfinhos nos acompanharam a noite toda, desde São Paulo, passando pelo Paraná e chegando a Santa Catarina. As 04:00h da manhã ainda faltavam 100 milhas náuticas para o nosso destino.

Nem sentimos o dia passar. Quando, finalmente, no horizonte se descortinou o Morro do Pires e, logo depois as duas pedras que formam a Ilha Itacolomi, chamada carinhosamente pelos pescadores da região de "as mamica da Custódia", entendemos que estávamos chegando... nossos olhares se fixaram naqueles pontos e, três horas mais tarde, nossa âncora foi jogada ao mar na Armação do Itapocoroy.

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