Ilha do Mel... aí vamos nós!


Flores com cheirinho de mel... oferenda para a Rainha dos Mares!

1, 2, 3, 4, 5...

Um barquimho na proa do barcão...

...viu!!!

Nada de peixe!

Logo ali... mas no meio do caminho tinha uma rede!

Quase chegando...

Depois do morro...

...encantados com Encantados!

Hora de baixar as velas... chegamos!

30 de abril de 2013
Latitude 26°47'35"S e Longitude 048°36'30"
19:10h
 
Ufa!!! Quando conseguimos levantar âncora, a lua minguante já estava alta no céu e timidamente clareava nosso caminho. 59° de proa, ventos soprando entre 12 e 15 nós, entrando pelo quadrante Leste/Sueste e ondas com cerca de 2,5 metros. Nada mal. Nos deslocávamos a 5,5 nós e apenas 70,5 mn nos separavam da entrada do Canal de Paranaguá. Impossível para nós reconhecer no escuro, mas sabíamos que todas as embarcações de pesca ao largo de Armação nos reconheciam. Era o Cascalho deixando o porto. Todo cuidado era pouco. Contamos mais de 20 embarcações, a maioria arrastando camarão. Lembrarmos do Ernerto, pai do Luiz, e do Nestinho, o irmão, nosso último abraço na Prainha do Cascalho.
 
A noite foi tensa. Além do tráfego das embarcações de pesca com suas redes mal ou nada sinalizadas, gigantes de carga também estavam espalhados na maior parte do caminho. Em 70 milhas mn estão três importantes portos brasileiros: São Francisco do Sul, Itapoá e Paranaguá. Olhos bem abertos a noite toda. Fizemos a divisão dos turnos e tudo correu bem. O dia amanheceu muito nublado e, o cenário continuava exatamente o mesmo.
 
Por volta das 10 horas da manhã do dia seguinte, o vento zerou. Tivemos que continuar só no motor. As 11:30h, cercados por navios de carga por todos os lados, entramos no Canal de Paranaguá. Exatamente 2 horas depois, ancoramos na Praia dos Encantados.

Interessante contar que foi aqui, nesta baía, que uma das maiores páginas da náutica mundial foi escrita. Em Guaraqueçaba, viveu por algum tempo Joshua Slocum, famoso navegador norte-americano. Depois de perder sua embarcação nos bancos de areia da baía, foi morar numa cabana na beira da praia, com a sua esposa e dois filhos. Sem dinheiro e com apenas três ou quatro ferramentas que salvara do naufrágio, adentrou a Mata Atlântica, escolheu as melhores madeiras e construiu um barco de 35 pés, baseando-se nas canoas brasileiras que ele tanto admirava. Em 13 de maio de 1888, dia da Abolição da Escravatura no Brasil, o barco com velas de fácil manuseio, foi batizado de ´Liberdade´ e colocado na água. 55 dias e depois de ter navegado mais de 5 mil milhas, chegaram a Washington, sua terra natal. Esse mesmo navegador, alguns anos depois a bordo do Spray, tornou-se o primeiro homem a dar a volta ao mundo em solitário num veleiro. Escreveu o seu capítulo e imortalizou a sua história no livro Sozinho ao redor do mundo. Anos mais tarde, desapareceu no mar.
 
Agora é só desembarcar e curtir mais este pedacinho de paraíso.

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