Latitude 03°50'01"S e Longitude 032°24'15"W
1:15h
Em terras brasileiras !!! Quanta emoção. Quanta alegria. Quanto orgulho... nós conseguimos !!! Depois de tantos dias no mar, depois de ter vencido o Atlântico gigante... sonhamos a nossa vida e agora estamos vivendo os nossos sonhos. O sol que nos acorda e acompanha todos os dias nos dando luz, a água dos mares que nos carrega através dos oceanos, o oceano, a vida marinha, os luares e cada magnífico por do sol... a vida num caleidoscópio... é pura mágica !!! Tudo isto nos conduziu a este paraíso: o Arquipélago de Fernando de Noronha.
O arquipélago é formado por vinte e uma ilhas, numa extensão de 26 km², tendo uma principal e única habitada, também chamada Fernando de Noronha. A ilha principal tem cerca de 17 km², 10 km de comprimento e 3,5 km de largura máxima. É acidentada, com diversas elevações, destacando-se o Morro do Pico que, com seus 323 metros de altura, domina o horizonte da ilha. É também nesta ilha que encontramos a Vila dos Remédios, com sua igrejinha linda, cuja construção foi iniciada em 1737, sendo inaugurada apenas em 1772, e os vários fortes construídos para defender o território dos seus diversos invasores ao longo de toda a historia, desde o descobrimento pelos portugueses ainda no século XVI, passando por franceses, holandeses e ingleses. Foram dez fortes, a maioria deles ainda em pé até os nossos dias. Durante muito tempo serviu também como local de detenção, muitos presos eram enviados para o presídio ali existente para cumprir pena, especialmente as mais longas. Por último, passou a fazer parte do território de Pernambuco e hoje é um dos mais importantes paraísos turísticos e ecológicos do Brasil. É considerado pela Unesco um Sítio do Patrimônio Mundial Natural.
Parte da ilha principal esta incluída no Parque Nacional Marinho e muitos locais são Áreas de Proteção Ambiental, terra e mar. De um lado da ilha, está o Brasil. Este é o mar de dentro, com 10 praias, duas baías de uma beleza quase indescritível; uma especial, onde não se pode entrar: a Baía dos Golfinhos. Um mar tranquilo a maior parte do ano, protegido dos ventos, permitindo o acesso de uma praia a outra, em passeios cheios de beleza e aventura. Do outro, a África. É o mar de fora, com quatro praias, uma enseada, duas áreas de contemplação e um conjunto de piscinas nas rochas. Um mar agitado, acalmado um pouco em alguns pontos pelos arrecifes que retêm o mar entre as pedras. Esguichos, áreas enormes repletas de peixes coloridos, como imensos aquários, prontos para serem desfrutados.
Ao redor dessa ilha maior, outras pequenas ilhas, rochedos e ilhotas, todas de origem vulcânica, compõe o cenário decantado por estudiosos e trovadores. São as ilhas secundárias, cerca de vinte e uma. Todas estas ilhas um dia estiveram ligadas, formando um só bloco, separado ao longo de milhões de anos devido a erosão marinha.
Ancoramos na Baía de Santo Antônio, único ponto de ancoragem da ilha, a 1:15h da noite. Tínhamos ainda algumas boas horas de sono pela frente até o amanhecer. Combinamos, com antecedência, que o café da manhã seria em terra. Não foi bem assim... a noite foi mal dormida e chegamos a conclusão de que a causa eram as águas muito abrigadas, faltava o balanço do mar. Mal o dia clareou e estávamos todos no convés, ma-ra-vi-lha-dos: estávamos realmente dentro daquele cenário. O sol nascendo, colorindo tudo de uma forma mágica, o Morro do Pico, os Dois Irmãos e muitos, muitos golfinhos rotadores que rodeavam o nosso barco e nos davam boas vindas com o seu espetáculo. De bote e com todos os documentos em mãos, rumamos para a terra ainda rodeados de golfinhos. Poderíamos até tocá-los com as nossas mãos. Mas, atenção: isto é terminantemente proibido. Em terra, os primeiros passos foram difíceis, vacilantes, como se estivéssemos bêbados. Chegamos a precisar de ajuda para não cair. Mal de terra forte mesmo. Somos muito privilegiados por estarmos aqui, pouquíssimas pessoas residem nesta ilha, o número de carros, aqui só buguis, é controlado e, apenas 450 turistas são permitidos na ilha todos os dias.
Fomos muito bem recebidos e atendidos pelas autoridades brasileiras, assim como por todo o povo da ilha. Com tudo resolvido e, em função do fuso horário ainda alterado, decidimos deixar o café da manhã de lado e seguir direto para o almoço. Assim, teríamos mais tempo para aproveitar o nosso pouco tempo na ilha... Depois de um almoço delicioso e caipirinhas nota dez, começamos o tour pela ilha. Na Praia do Boldró, o primeiro mergulho. Antes dele, ainda no alto da escarpa, das ruínas do Forte de São Pedro do Boldró, ficamos extasiados com tanta beleza: o som e a cor do mar, o vai e vem das águas, a cor da areia. Descendo encontramos as belas piscinas naturais de água cristalina, com sua rica fauna marinha. O snorkel aqui é fundamental. O tempo passou depressa, a maré foi subindo e, quando as belas ondas foram chegando, começamos a entender porque o Boldró disputa a preferência dos surfistas com a Cacimba. A Praia da Conceição, aos pés do Morro do Pico, é muito boa para caminhadas e tem o bar de praia mais bacana da ilha, o Duda Reis. No dia seguinte, fomos cedinho para a Baía do Sueste, do outro lado da ilha, uma bela enseada com uma faixa de areia larga, ilhotas frontais e águas muito calmas, ideais para mergulho com muitas e grandes! tartarugas marinhas. Neste dia, o Projeto Tamar estava devolvendo para o mar centenas de tartarugas adultas chipadas para monitorar o percurso das mesmas, saber por onde andam. Vimos muitas tartarugas, o que tornou esta visita um passeio inesquecível. Para chegar lá, usamos a BR-363, a única do Brasil não ligada a nenhuma outra.
A visita ao centrinho da cidade, a Vila dos Remédios, nos reportou a um outro tempo: as ladeiras com sua pavimentação característica , as construções ainda em estilo antigo, a igrejinha de quase 300 anos e o forte de Nossa Senhora dos Remédios. Tudo muito encantador. Depois do almoço, preparar o barco e finalizar a documentação para a partida na manhã seguinte. Depois de tudo pronto, da Praia do Porto, outra pequena praia de águas calmas, onde o espaço na areia é dividido com embarcações em manutenção e, na água,a esquerda perto da orla, com um navio grego afundado, ainda presenciamos mais um maravilhoso por do sol. Na cabeça, uma certeza: nosso sonho era de verdade. Neste momento, agradecemos aos céus, aos mares e a terra a inspiração que nos deram para viver assim, livremente. Outra certeza: a de que voltaremos aqui, um dia, com muito tempo. Afinal, é neste pedaço de paraíso que estão algumas das mais belas praias do Brasil - Baía dos Porcos, Baía do Sancho, Praia do Leão, Baía dos Golfinhos... e, pontos de mergulho na lista dos melhores do mundo.
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